Tempo de Recomeçar - 11° Capitulo


POV MARIANA
As palavras de Billy me atingiram em cheio, não por mim, pois não temo a morte, como diz o poeta: “Morrer é fácil, mas a vida, é bem mais complicada que isso.”, eu temia por Jake, por seus amigos, por sua tribo, sua casa. Na verdade esse vampiro andando a solta traria muitos problemas, independente de qualquer coisa, mais pessoas poderiam virar lobo, mais pessoas seriam mortas para que ele se alimentasse, ou seja, seriam menos pessoas.
Não pude evitar a tristeza que me invadiu, depois de tudo que aconteceu na noite passada, nós finalmente descobrindo o lado bom da vida, me sentindo verdadeiramente amada, vimos mais essa. Fazer o que, nem tudo é perfeito, a vida não é fácil, sempre teremos problemas. E a maneira que nos portamos diante deles é que vai fazer a diferença.
Enquanto estava divagando, totalmente alheia à conversa em minha volta (sim, por que depois da declaração de Billy, Jake estava armando táticas e um esquema de segurança pra mim) senti pequenas mãos acariciarem meu rosto, nem percebi sua presença, tão fofa e angelical, seus olhos interrogativos me encarando e seu sorriso triste, Luke estava visivelmente preocupado comigo, como um garoto tão pequeno poderia se importar tanto com alguém que mal conhece, ele disse:
–Mary, se ta triste?
Todos pararam para olhar, suas pequenas mãos seguraram meu rosto e seu olhar penetrante parecia poder ver minha alma, cheguei a me sentir constrangida, como uma criança consegue ser tão intensa? Suspirei pesadamente, não podia preocupá-lo, disse:
–Não querido, está tudo bem, não precisa se preocupar, aliás, o Senhor já deveria estar na cama né?
Dito isso o peguei no colo e distribuí vários beijos no seu rosto, e fiz cosquinha em sua barriga, fazendo-o rir freneticamente, ele gritou:
–Para tia, eu me rendo, eu me rendo, por favor!!
Todos na sala riram com ele, o clima ficou mais ameno, logo ele deu boa noite e foi dormir com Emlly, Sam disse:
–É impressionante como esse garoto gosta de você, nunca vi ele assim com ninguém, nem mesmo comigo ou a mãe dele, pergunta por você o tempo todo, sente saudades, me pergunto o porquê disso.
Sam ficou pensando, Billy disse:
–Sam, meu amigo, provavelmente seja a impressão.
–Como assim, disse Jake, Mary é minha impressão e o garoto nem é um lobo ainda!
Billy deu sua risada de trovão, ecoando pela sala, fiquei surpresa por Jake ter ciúmes de uma criança tão pequena, Billy falou:
–Calma filho, eu sei que Mary é SUA impressão, mas quem não garante que ela vá ser a progenitora da impressão dele? È uma possibilidade, às vezes inconscientemente nos aproximamos e gostamos muito de alguém sem entender, mas com o tempo as coisas se explicam.
Fiquei pensando no que Billy disse, é uma possibilidade, mas para que o Luke vire lobo, deve ter vampiros por perto, e até que isso o aconteça, deve ter pelo menos uns quatorze ou quinze anos, a idéia de ter vampiros por perto tanto tempo me assustou e um calafrio percorreu meu corpo, Jake percebeu meu desconforto e disse:
–Tudo bem amor, não se preocupe, é só uma possibilidade.
Depois daquela breve observação de Billy, eles voltaram ao assunto das rondas e minha segurança, outra coisa que queriam saber era quem poderia ser a tal bruxa, ficou combinado que no outro dia iríamos falar com o Senhor Atera, pra ver se ele sabe alguma coisa sobre isso. Eles também sabiam que deveria ter mais vampiros envolvidos nisso, pois um único vampiro não enfrentaria a alcateia.
Quando aquela reunião finalmente acabou, nós fomos pra minha casa, estava esgotada mentalmente, muita coisa aconteceu, foi muito rápido, não estava conseguindo assimilar tudo, até poucos dias atrás nem sabia que existiam essas criaturas sobrenaturais e agora era uma provável vitima delas, e estava morta de amores por outra, meu Deus, que loucura.
Depois de tomar um banho relaxante fui para a cozinha preparar algo para comer, Jake estava na varanda acertando a ronda com Seth, ele ficaria comigo hoje a noite, provavelmente se mudaria pra cá, para que eu não fique sozinha, já que eu não quis morar na casa do pai dele, minha privacidade é importante pra mim, só abriria mão em último caso.
Assim que coloquei o café pra passar meu telefone toca, tomei um susto pelo barulho repentino, Jake me olhou e assenti dizendo que estava tudo bem, olhei no visor e me surpreendi, atendi no terceiro toque:
–Alô.
A voz tão conhecida dizia do outro lado.
–Oi Mãe tudo bem?
–Eu que pergunto você esqueceu que tem família, se mudou a mais de uma semana e não deu noticias, só liguei por que seu padrasto insistiu, mas você sabe que deveria ter me ligado.
Estranhei, meu padrasto insistiu, hum, ele deveria querer alguma coisa, ele não insistiria pra isso, nunca nos demos bem, falei:
–Bem, me desculpe, aconteceram muitas coisas aqui, ando ocupada, mas você ta certa eu deveria ter ligado, fico feliz que ligou.
Mesmo desconfiada, tentei parecer entusiasmada, afinal, mesmo com todos os defeitos ela é a única família que tenho, além de Jake é claro, ela disse:
–Tudo bem, me diz, gostou da reserva, é bonito pelo menos?
–Sim mãe, o lugar e muito bonito, as pessoas são hospitaleiras, me sinto em casa aqui!
–È bem o seu tipo mesmo, se enfiar no meio do mato com um monte de índios! Aff!
Minha mãe falou com um dedem que fez meu sangue ferver, Jake notando minha raiva dispensou Seth e veio pro meu lado, segurou minha cintura me dando apoio, falei:
–Mãe, se você ligou pra falar mal dos meus amigos ou do meu trabalho, perdeu seu tempo, nem deveria ter ligado, saiba que estou muito bem no meio do mato e nunca me senti tão feliz na minha vida!
As lágrimas já caíam de meus olhos, a raiva transbordava na minha voz, como ela poderia ofender pessoas e um lugar que ela nem conhecia, Jake apertou mais seus braços em torno de mim me dando apoio, olhei pra ele, seus olhos me acalmaram consegui até respirar melhor. Depois de um breve silêncio ela disse:
–Ta certo filha, desculpe, não liguei pra te ofender. Na verdade quero te pedir um favor.
–O Que?
–Nós estamos com alguns problemas financeiros e preciso que você me seda as salas que seu pai deixou pra você, preciso pagar uma dívida grande e se você não me ajudar não sei o que vou fazer, já tentei, mas não consegui empréstimo.
Então era isso, aquele papo de saudades, pura mentira! Ela queria dinheiro, provavelmente para aquele maridinho vagabundo dela, fiquei com mais raiva ainda, falei:
–Como assim, a herança de meu pai?! E as casas que ele te deixou, quando saí daí a alguns dias estava tudo bem, que ouve nesse período?
–Digamos que, seu padrasto fez algumas apostas altas, mas infelizmente a sorte não estava do lado dele, e agora ele pode ser morto, essas pessoas não brincam, é serio e importante. Vou mandar os documentos pelo correio, você assina e depois me devolve ok?
Como ela podia me pedir uma coisa dessas, passar para aquele cretino tudo que meu pai me deixou, pra ele pagar dívidas de jogo, nunca!
–Nem pensar, não vou fazer isso, tudo que tenho foi meu pai quem me deu, não vou colocar o sacrifício dele fora desse jeito, o que você fez com sua parte é problema seu, não mandei ninguém jogar nem apostar nada, mas não vou perder o que tenho pela irresponsabilidade de seu marido, pode esquecer!
Jake não disse nada, apenas ouvia nossa conversa, meu coração disparado, minha mão tremia com o telefone e minha voz cada vez mais ácida e agressiva, definitivamente eu estava furiosa, se eu fosse um lobo, já teria me transformado, com certeza! Ela disse:
–Pois saiba sua egoistasinha que se alguma coisa acontecer com ele à culpa é toda sua e vou te odiar pra sempre! Você pode esquecer que um dia me chamou de mãe!
Ela disse tão rápida e tão friamente que se não tivesse ouvido com meus próprios ouvidos não acreditaria, minha vontade era de bater nela, por ser tão idióta e deixar um cretino tirar dela tudo o que meu pai deixou.
–Mãe, escuta, primeiro: não é minha culpa se ele apostou o que não tinha e ainda foi burro para perder, segundo: se você quiser deixá-lo venha pra cá comigo, eu tenho um emprego e to alugando uma casa, você pode trabalhar também, saia daí enquanto há tempo, pois esse cara ta acabando com a sua vida, só você não vê isso.
–Quem você pensa que é pra se meter na minha vida e ainda me dizer o que fazer? Sua fedelha metida, você é igual ao seu pai, sempre se achando melhor que os outros. Pois saiba que eu não vou deixá-lo, eu o amo, e isso foi só uma fatalidade, nós vamos dar um jeito, me esquece!
Ela gritou tudo de uma vez só e bateu o telefone na minha cara, meu coração parecia que ia sair do peito, aquelas palavras me feriram mais do que se ela tivesse me dado um tapa, já não bastava tudo que eu estava passando, ainda mais essa, minha vida estava de cabeça pra baixo.
Logo ouvi uma voz rouca ao meu ouvido me trazendo de volta a realidade:
–Amor, você ta bem?
Olhei pra ele, aqueles olhos negros com tanto amor e carinho, não eu não estava bem, mas com ele, sim, eu poderia ficar, falei:
–Você ouviu? Como ele pode? Tudo que meu pai deixou pra ela, tudo Jake, ela simplesmente entregou para aquele desgraçado, e agora? Onde vai morar? Do que vai viver? O que ele fez com ela?
–Calma amor, agente vai dar um jeito. Eu vou te ajudar, só precisamos pensar melhor.
–Não tem como, você viu, ela não quer vir pra cá, não vai largar ele, e o pior, ela perdeu tudo, Jake ela é minha mãe, por mais idiota que ela esteja sendo, eu tenho que livrar ela dele, eu tenho que ir lá.
–Nem pensar! Isso ta fora de cogitação! Definitivamente não!
–Jake!
–Mary, você não sai de La Push, não com esse vampiro psicopata atrás de você, eu não vou deixar, sua vida vai correr riscos, não posso permitir isso.
Depois disso me agarrei nele e chorei compulsivamente, o que eu faria? Ele tinha razão, sair daqui era arriscado, mas não podia deixar minha mãe a mercê de um marginal, e se fossem matar aquele desgraçado e matassem ela junto, o que eu faria? Então ele disse:
–Amor, olha, em último caso, se você quiser eu posso buscá-la, posso ir lá e trazê-la pra cá.
Meu coração se acalmou com aquela declaração, eu falei:
–Você faria isso? Mesmo?
–Claro amor, tudo por você, mas primeiro você vai ter que convencê-la a vir pra cá, não posso simplesmente arrastar ela pelo meio da rua.
Suspirei, essa ia ser a parte difícil, mas eu daria um jeito com certeza!
POV JACOB
Depois daquela conversa com a mãe, meu amor ficou super carente, ela estava simplesmente arrasada pelo fato de sua mãe ter posto tudo o que o pai dela deixou fora, seus olhos verdes já vermelhos de chorar, assim que me comprometi a trazer sua mãe pra cá seu humor melhorou, em muito, ela parou de chorar e se animou mais, apesar e ainda um pouco triste, ela preparou uma lasanha pra gente comer, conversamos amenidades e vi ela cansada, o peso de tudo que aconteceu no dia caindo sobre seus ombros, e sem perceber ela acabou dormindo a mesa, exausta emocionalmente.
A levei pra cama e deitei em meu peito, seu cheiro impreguinando meu corpo, sua respiração calma e tranqüila, apesar de todos os problemas que tivemos, uma onda de felicidade me invadiu, agora estava me sentindo completo, feliz e não seriam a mãe dela ou aquele sanguessuga que me tirariam isso. Eu lutaria com todas as minhas forças, mas nada seria capaz de me privar Dela, a minha amada, minha alma gêmea.
Acordei com a luz fraca do sol em meu rosto, apesar de tímido o sol estava presente hoje, olhei e vi minha amada dormindo tranquilamente, ainda faltavam alguns bons minutos até que ela acordasse, resolvi preparar um café da manhã pra ela.
Levantei e fui direto pro banho, a água quente relaxando meu corpo, as palavras da mãe dela não saíam da minha cabeça. Como uma pessoa poderia falar com uma filha daquele jeito, largar tudo nas mãos de um homem estranho, sim por que por mais que eles fossem casados, ela deveria ter preservado seu patrimônio. As pessoas às vezes fazem loucuras por amor, sei disso, já senti na carne, ainda lembro o quanto sofri pela Bella, quando ela colocou na cabeça que seria uma sanguessuga também, engraçado que me lembrar dela não me causa mais dor, só um ressentimento na verdade. Não existe nada na vida que eu odeie mais que vampiros, e acho que se a visse hoje, não a veria mais como a minha amiga e sim como uma sanguessuga desgraçada igual aos outros.
Deixando minhas divagações de lado saí do banho, colocando apenas uma bermuda e fui pra cozinha, preparei panquecas com calda de chocolate, suco de laranja, peguei alguns biscoitos, torradas e uma geléia de uva que sei que ela adora e preparei tudo em uma bandeja bem elaborada, levei a cama e chamei.
–Amor, amor, acorda linda! Acorda!
Mary abriu os olhos sonolentos, um largo sorriso se formou em seu rosto assim que me viu, ela disse que sua voz rouca pelo sono:
–Bom dia, amor da minha vida!
Então ela viu a bandeja e sorriu ainda mais:
–Hum, café na cama! Adorei! Esta perfeita, amor, obrigada! Isso já faz meu dia mais feliz!
Sorri satisfeito por ter conseguido deixá-la tão feliz, um simples gesto, mas que pra ela foi maravilhoso. Senti-me orgulhoso.
Logo após o café da manhã Mary foi se arrumar pro trabalho, já tinha montado um esquema, como o posto é perto da oficina, nós verificaríamos de tempos em tempos sua presença, caso ela precisasse de algo. Embry e Quil ficaram de ronda, já que Seth e Jared ficaram durante a noite, eu e Paul faríamos mais tarde e quando eu não estivesse ela ficaria com Sam e Emilly.
Tudo esquematizado fomos para a nossa rotina, tentando ser o mais normal possível, mas no fundo eu estava o tempo todo em alerta, o simples fato de minha amada estar em risco me deixava assim, era mais forte que eu e inevitável até.
E assim dos dias foram passando, meus irmãos me ajudando em tudo que podiam Mary colaborando pra tudo sem questionar ou fazer birra, ela sabia que era o melhor pra ela, então simplesmente respeitava meus pedidos de cautela, Já fazia quinze dias que tudo aquilo tinha ocorrido, o Senhor Atera já tinha voltado pra casa, mas infelizmente ela não sabia muita coisa pra ajudar, o vampiro ainda rondava a reserva, mas não se aproximou mais, e o que temíamos aconteceu, nossa matilha aumentou, temos mais dois lobos, Joshua e Matt, os garotos filhos da dona do hotel e da padaria, um com dezesseis anos e o outro com dezessete, isso me deixou mais furioso ainda, Mary se sentia culpada por esse vampiro ainda não ter partido, mas aproveitei o aumento de contingente pra ficar mais tempo com ela, os garotos apesar de jovens tinham boa habilidade e junto com os mais experientes faziam uma boa dupla.
Nesses quinze dias a mãe de Mary ligou outra vez, pediu desculpas, disse que estava nervosa e que o padrasto dela tinha viajado para ver se conseguia o dinheiro, Mary mais uma vez a convidou pra morar aqui, mas ela se recusou, dizendo que o lar dela sempre foi em Boston e não sairia de lá. Como minha amada é uma boa pessoa alugou um apartamento pequeno pra ela e passou a pagar o aluguel, apesar de a idéia de ter o padrasto junto da mãe não lhe agradar, não deixaria a mãe morando na rua, mas não daria o sustento, já estava ajudando muito, eles que trabalhassem para se alimentar, palavras dela.
Hoje, apesar de ser segunda-feira não fui para a oficina, os garotos sentiram cheiro de mais vampiros durante a noite e resolvi vir pessoalmente, deixando Mary aos cuidados de Seth, ele com certeza ficaria de olho. Embry e Josh estavam comigo, esse garoto novo é muito bom de faro, sem dúvida o melhor de nós, ele quem sentiu um cheiro diferente, o que nos levou a te a propriedade dos Cullens, rondamos por tudo, a casa fechada há muito tempo ainda tinha o cheiro de vampiros, mas era um cheiro diferente, o que me levou a crer que a casa estava sendo usada por quem quer que fosse então resolvi arrombar a porta.
Ao entrar minhas suspeitas foram confirmadas, tinha alguém na casa, eu podia ouvir um coração batendo, era um humano!
Corri rapidamente para o segundo andar me deparando com uma vampira, não sei o porquê, mas não sentia cheiro nela, era como se estivesse disfarçado, seus olhos dourados me indicaram que ela era vegetariana, mas não me fizeram confiar nela, rapidamente fui a sua direção e duas coisas aconteceram ao mesmo tempo:
Primeiro: Ouvi o barulho de uma vidraça quebrando e alguém correndo, o barulho do coração acelerado cada vez mais longe, provavelmente sendo carregado por outro vampiro.
Segundo: Meu corpo parou, simplesmente travei, não conseguia me mexer, fiquei totalmente exposto e vulnerável, vi seus olhos se arregalarem quando meus irmãos chegaram, agora eram três lobos, ela com certeza não conseguiria deter os três, fui arremessado em cima de meus irmãos e ela saiu correndo.
Logo me recuperei e fomos atrás dela, e mais uma vez perdemos o rastro, sem pistas, nem o barulho do coração eu ouvi mais, falei com meus irmãos:
“o que ela estaria fazendo na casa, com um humano, seus olhos me diziam que não era pra ela se alimentar, mas o que um humano faria ali? Como ela me parou daquele jeito, porque não sentimos mais o seu cheiro? Que droga!”
“Ela deve ser a bruxa Jake, só pode!”
Embry me respondeu, claro, como não pensei nisso, saí correndo pra onde ela foi, eles vieram atrás de mim, falei com meu tom de alfa:
“parem, voltem pra La Push, eu tenho que fazer uma coisa e tem que ser sozinho!”
“Não vou te deixar sozinho irmão, você pode se machucar, não vou mesmo!”
“Embry, ela não ia me machucar, eu sei, não me pergunte como, ela só reagiu porque viu vocês, ficou com medo, eu sei o que estou fazendo, na verdade quero arriscar, agora voltem e não digam nada a Mary, fiquem fazendo ronda e assim que der me junto a vocês!”
Embry saiu emburrado e Josh não se manifestou, saí correndo em direção à floresta, ela não iria muito longe, visto que o que ela queria estava em La Push, mas precisava esclarecer as coisas, algo me dizia que talvez aquela vampira pudesse ser a chave para salvar a minha Mary, eu tinha que tentar qualquer coisa, ao longe pôde ouvir o barulho do coração batendo rapidamente, com certeza era o mesmo que estava na casa, ouvi alguns murmúrios e senti alguém correndo novamente, me destransformei e falei:
–Hei, você, precisamos conversar!
Falei pro nada, apenas árvores e mais nada em minha volta, mas sabia que ela me ouvia, sabia que ela estava ciente de minha presença e de alguma maneira camuflando seu cheiro e do humano que estava com ela, esperei um pouco, meus ouvidos atentos, ouvi o estalar de algumas folhas ao longe, me senti sendo espionado, falei:
–Estou em missão de paz, por favor, estou sozinho, você pode me parar facilmente ainda mais em forma humana.
Senti meu corpo sendo jogado contra o chão, muito rápido e muito forte, logo mãos frias estavam em meu pescoço, e uma voz de sinos, furiosa me disse:
–O que quer aqui cachorro, vai me trazer problemas, não pode vir aqui falar comigo!
–Não consigo respirar!
Falei em um fio de voz, ela se deu conta e saiu de cima de mim, seus olhos me analisavam o tempo todo, ela disse:
–Fale logo e vá embora, antes que Lucius volte!
–Lucius, é esse o nome dele? É ele quem quer matar a minha mulher?
Seu rosto ficou em choque, ela não achava que eu sabia, mas uma máscara de frieza tomou seu rosto e logo ela disse:
–Não sei do que está falando!
Ela disse tentando parecer indiferente.
–Sabe sim, eu sei de tudo, ou quase tudo!
Ela me olhou espantada mais uma vez disse:
–O que você sabe?
Suspirei, cansado, respondi:
–O medalhão, o ritual, a bruxa, Anelise...
Ela ficou andando de um lado pro outro, parecia assustada, então me olhou novamente, vi pena no seu olhar, eu realmente não esperava por isso, ela falou:
–Se você já sabe, não tem o que fazer aqui! Volte pra casa e aproveite sua mulher enquanto pode, acredite, ele vai pega-la é só questão de tempo, ao menor discuido ele a pega, não duvide disso, ele é rápido e letal, sua especialidade é raptar pessoas, e fugir rápido, acredite, ele é muito bom nisso.
Suas palavras me atingiram em cheio, com certeza ele era bom em fugir, se não já o teríamos pego, falei:
–Por que está fazendo isso? Não vejo felicidade em sua voz, não me parece bem em ressuscitar uma vampira, o que te leva a fazer isso, o que ele tem contra você?
Seu rosto se retorceu em uma expressão de puro sofrimento, suspirou pesadamente, como se realmente precisasse de ar, disse:
–Olha, eu sei que você me seguiu num ato de puro desespero, sei que você ama aquela humana, sei o quanto são ligados, e acredite, eu sinto muito mesmo. Mas infelizmente eu tenho que cumprir essa missão, por mais que isso cause sofrimento a tantas pessoas, eu preciso.
–Pelo menos me diga o que ele tem contra você?
–Minha filha, ele a pegou, e vai matá-la se eu não cumprir a minha parte.
–Filha? Adotada? A dona do coração que ouvi na casa?
–Sim, na verdade ela faz parte de minha família, fui transformada há muito tempo e depois disso não tiveram mais bruxas na família, até agora, ela nasceu com poderes especiais e os pais não souberam lidar com isso, a deixaram em um orfanato e eu a adotei há dezoito anos, ela tem vinte anos agora, seus poderes ainda estão se desenvolvendo, eu venho a ajudando nisso, mas aí num descuido meu, ele nos achou e esta usando para me chantagear.
–Mas ela estava com você agora? Por que não foge?
–Não, ela estava com a “secretária” dele, ela é muito forte e tem o poder de anular alguns dons, magia é um deles, uma bruxa fica sem ação com ela, e está sempre com minha filha escondida, ela apenas tinha trazido para que eu pudesse vê-la um pouco, já que Lucius foi caçar fora da cidade, para que vocês pensem que ele foi embora.
–Nós sabemos que ele ainda anda por perto, sentimos no nosso sangue.
–Que seja, agora preciso ir já falei demais.
–E se eu te ajudar, pelo que sei, faltam uns dez dias para o tal eclipse, isso nos dá um certo tempo, eu posso recuperar a sua filha, isso te desobrigaria a faze o ritual, o que acha?
–Você não entende, isso não mudaria nada, além de minha filha poder ser morta nesse processo, ele não iria parar de procurar sua mulher, ela é a copia e semelhança de Anelise, um vampira que ele amou muito, mesmo que eu não faça o ritual, o que eu acho pouco provável, ele virá atrás dela e a transformará na esperança de que fique com ele, caso não queira ele a mata.
Um rosnado saiu involuntário do meu peito, o que fez a vampira recuar vários passos, minha raiva transbordando, a muito custo controlei-me pra não entrar em fase, falei:
–Certo, mas caso eu consiga recuperar sua filha, você me dá sua palavra que não fará o ritual?
–Eu faço melhor, se você pegar minha filha e conseguir mantê-la viva, eu te ajudo a pegar aquele desgraçado, eu mesmo o esquartejo e queimo na fogueira, mas depois você nos deixa partir, não vai tentar me matar, pois, como pode ver, pela cor de meus olhos, não mato humanos, não sou uma ameaça a sua tribo.
–Certo tem minha palavra.
–Você sabe que vou ter que falar pra ele que esteve aqui, ELA, viu você, vou ter que falar alguma coisa pra ele.
–Diga qualquer coisa, não me importa, mas não estrague nossos planos.
–Ok, agora vá, logo ele volta, e vai descontar na minha filha se te ver aqui.
–Posso pelo menos saber o seu nome?
Ela me olhou desconfiada e disse:
–Karmia, e o seu?
–Jacob, Jacob Black, eu sou o alfa.
–Ok Jacob Black, assim que cumprir a sua parte, eu cumpro a minha.
–Como faço pra falar com você?
–Não se preocupe, você na verdade tem sete dias, pois o ritual é feito em outro lugar e precisaremos pega-la antes para prepará-la, se você cumprir sua parte antes disso eu vou saber.
–Sabe pelo menos onde ele está escondendo sua filha?
–Se soubesse já teria feito algo, mas infelizmente não sei. O que posso fazer para ajudar?
–Pode retirar o feitiço que camufla o cheiro. Assim nós seguimos pelo faro e a encontraremos.
–É muito arriscado, ele vai saber, poderá matá-la.
–Não, tire apenas o da sua filha, infelizmente o dele vai ser muito arriscado tirar, mas se puder sentir o cheiro dela me garanto.
Tudo bem, mas só vou vê-la novamente daqui a dois dias, então até lá não poderei fazer nada, nos veremos em outro lugar, já que você já descobriu que usamos a casa, ele não vai querer arriscar mais.
–Certo, marque com ela nos arredores de Port Angeles, tem um parque afastado do centro, perto da floresta, tem um lago próximo, nós viremos pela água, assim ela não vai sentir nosso cheiro.
–Certo, combinado, assim que minha filha estiver salva eu te ajudo a acabar com aquele crápula, mas não vá sozinho, pois ele tem mais vampiros trabalhando pra ele, pelo menos mais três ou quatro.
–Não se preocupe, já enfrentei um exército de vampiros, não me mete medo.
–Adeus!
Dito isso ela desapareceu, só ouvi o sibilar do vento. Voltei minha forma de lobo e voltei a La Push, tinha que falar com meus irmãos, mostrar pra eles, ver como pegaríamos a garota humana e depois matar o desgraçado que quer a minha mulher.
POV KARMIA
Nunca pensei que um dia passaria por isso em minha vida, não depois de tanto tempo, ver aquele homem lobo se humilhando para tentar salvar a mulher amada, num ato de puro desespero fez meu coração morto doer, e muito, assim que voltei à caverna em que Lucius mantinha minha menina presa por seis vampiros me deparei com seus olhos vermelhos escarlates me olhando, seu sorriso sarcástico e a expressão de satisfação em seu rosto me deixaram ainda mais enojada do que estava, sua voz feliz e satisfeita ecoou pela caverna, ele disse:
–Muito bem minha cara, sabia que essa visitinha do cachorro ia render, agora é só questão de tempo!
Não consegui disfarçar meu ódio em minha voz, disse:
–Por que faz isso Lucius, pode ser qualquer outra, por que ela? Sabe o quanto eles estão ligados? Isso vi matá-lo também!
–Cale-se insolente! Não ouse levantar a voz pra mim! Não se esqueça de quem manda aqui!
Nesse momento vi minha filha sendo arrastada por um daqueles desgraçados e vi suas lágrimas, seu choro abafado pela mordaça, seu coração acelerado pelo medo e sua fragilidade, ela estava todo suja, roupas rasgadas e mal alimentada, minha raiva foi ainda maior, falei:
–Preste atenção seu desgraçado, cuide dela, DIREITO, se não você vai ver do que sou capaz!
–Ora, ora, colocando as garrinhas de fora! Hum, Tudo bem, vou levá-la a Port Angeles, temos uma casa lá, permitirei que coma e tome um banho, vou lhe providenciar roupas novas também, mas não se esqueça de cumprir sua parte. Assim que os cachorros saírem de La Push nós entramos e pegamos a humana, e aí, sua filha vai estar bem guardada com meus amiguinhos, nem veremos os cachorros, que se dêem satisfeitos por deixá-los vivos, pois quando tirar minha amada de lá, nunca mais aquele cachorro colocará os olhos nela, nunca mais!!
Saí da caverna derrotada, minha filha foi levada, mais uma vez, dois vampiros muito fortes ficaram comigo, falei:
–Preciso caçar, tenho que estar forte para o ritual, preciso de ursos e ficam longe daqui, vou demorar um pouco.
–Tudo bem, eles vão com você, esteja aqui em dois dias, nem um minuto a mais, e nós vamos ao nosso destino.
–Não acha cedo para levá-la, você tem tempo.
–Não, a viagem é longa e sendo ela humana tem que descansar, não se preocupe minha cara, sei o que estou fazendo.
Saí dali derrotada, me sentindo mal por não poder fazer nada. De que me adianta ser uma vampira, ser uma bruxa, se fico impotente perante a um vampiro mau e obcecado, nem fui capaz de ajudar minha filha, talvez se ela tivesse ficado no orfanato não teria passado por isso agora. Por mais força que eu tenha, não conseguiria acabar com os dois vampiros, estou sem minhas armas, me sinto fraca, aquela vampira anula meu poder e não passo de uma simples vampira sem eles.
Eu teria que avisar Jacob, me sentia mal por sua amada, mas se fizesse isso minha filha estaria morta. Não sei o que fazer. Tenho que pensar, mas o que?
Segui minha corrida silenciosa, até que tive uma idéia, eu ficaria dois dias fora, ele não notaria minha ausência, eu já sei o que fazer, pois por mais que eu cumpra a minha parte sei que ele não vai cumprir a dele e minha filha seria morta ou transformada e não quero nenhuma dessas coisas pra ela, agora era só contar com a sorte e esperar que eles me encontrem.



Comentários
1 Comentários

Arquivo do blog

Traduzido Por: Template Para Blogspot - Designed By Seo Blogger Templates